quarta-feira, 22 de outubro de 2014

ATIVIDADE CIENTÍFICO-CULTURAL DOS CURSOS DE LETRAS E PEDAGOGIA - 2º SEM. 2014

Mais um semestre letivo e nos encontramos novamente para fazer leituras significativas e debater cientificamente com nossos colegas temas de grande relevância para nossa formação acadêmica. Leia os textos a seguir, clique no link do vídeo para obter mais dados e depois compartilhe seu ponto de vista sobre o tema. 

EDUCAÇÃO E COOPERAÇÃO

A relação entre a cooperação e a educação dá-se na prática social, no relacionamento humano, em toda vivência e troca de experiências. Todas as pessoas devem se relacionar, unificando o ato de educar com as relações entre indivíduos de uma mesma sociedade. A co-participação na educação é de responsabilidade de todos os membros da sociedade, uma vez que somos co-atuantes e receptores a todo o momento da transformação social e de consciência universal.

Ninguém escapa da educação.

Em casa, na rua, na igreja ou na escola, de um modo ou de muitos, todos nós envolvemos pedaços da vida com ela: para aprender, para ensinar, para aprender-e-ensinar. Para saber, para fazer, par ser ou para conviver, todos os dias misturamos a vida com a educação. (...) Não há uma forma única nem um único modelo de educação: a escola não é o único lugar em que ela acontece e talvez nem seja o melhor; o ensino escolar não é a única prática, e o professor profissional não é seu único praticante. (FRANTZ, 2001, P. 250)

O ser humano educa e é educado na medida em que convive em sociedade. E através dela, a educação, que o homem constrói o sentido de sua vida. É uma prática de interinfluências, na medida em que se convive e aprende-se em sociedade, mesmo que indiretamente, de uma maneira informal um indivíduo ajuda na formação de consciência de outro indivíduo. Por isso é uma prática a qual ocorre a influencia das pessoas entre si, pois a agregação de valor e o conhecimento se ocasionam com a troca de experiências e informações quando se tomam posições diante da sociedade com nossas crenças e afirmações.

As tendências pedagógicas pós-modernas reconhecem o impacto das novas tecnologias, da multiplicação e globalização da informação, porém não prestou atenção na formação do cidadão que se almejou. Diz-se que há uma crise na formação moral, nos valores e na formação das consciências.

O termo pós-moderno será empregado para designar essas transformações ocorridas nos últimos tempos, nas dimensões sócio-econômicas e políticas.

A queixa e o descontentamento com relação aos objetivos ilustres da modernidade que em muito não foram alcançados repercutiram na desilusão da educação como formadora para mão de obra que veicularia de forma mais garantida a ascensão social. Com isso, originaram-se muitas críticas a educação ofertada nas escolas, principalmente quando se observa as tendências de futuro para as sociedades pós-modernas.

Pierre Lévy (1999, p. 29), afirma que: "A educação como ação social ou como prática social “aparece como uma ação entre sujeitos ou como uma “prática sobre outros”, procurando influenciá-los em suas idéias e seus valores, em seus modos de pensar, de interpretar a vida social, especialmente a da realidade cooperativa, sugerindo ou levando-os a comportamento e visões de mundo favoráveis à natureza da prática cooperativa. (...) Para além das diferentes funções que as práticas de educação possam assumir na organização e funcionamento de uma cooperativa, colocam-se a esta o desafio da produção do conhecimento, ou, de acordo com a expressão de Pierre Lévy, da inteligência coletiva. (apud FRANTZ, 2001, p. 260)

Assim nosso conhecimento é uma construção coletiva, apoiando-se na escola como um local privilegiado para essa construção. Hoje a escola tem uma proposta muito mais evoluída quanto à valorização do ser humano, considerando a participação do educando na construção do seu saber junto aos demais, porém o que se observa como dificuldade é a operacionalização ou a prática destes fundamentos.

A prática escolar ainda e cada vez mais está distante da teoria e é nesse ponto que é necessária uma urgente mudança. Vincular a educação que é um processo, ainda, plurifacetado, com práticas de cooperação é uma alternativa emergente para formação de novas consciências coletivas, firmadas em valores de solidariedade com o fito de preparar educandos fortalecidos e unidos ao enfrentamento das adversidades futuras. É por isso que se segue neste próximo capítulo o estudo que liga e demonstra a colaboração que as práticas de cooperação têm a contribuir para a educação.
Vânia Meneghini


O tigre, o menino e o trânsito


Como um acidente pode explicar o comportamento humano

O Brasil ficou chocado nos últimos dias de julho quando um garoto de 11 anos teve o braço direito dilacerado por um tigre. O "acidente" ocorreu em um zoológico de Cascavel, PR, quando o garoto, acompanhado do pai, pulou uma cerca de proteção, ignorou os avisos de manter-se afastado e provocou primeiro um leão e depois o tigre. O desfecho todo mundo viu: teve o braço amputado na altura do ombro e terá a vida inteira para refletir sobre esse ato "corajoso". Esse acidente é exemplar, em todos os sentidos.

Quem acompanha minhas colunas sabe que há décadas eu insisto no declínio na qualidade do ser humano em sociedade. Especialmente no Brasil, país que parece caminhar ladeira abaixo no campo das relações humanas.

Felizmente alguém filmou e mostrou uma imagem que retrata o que vem acontecendo em uma sociedade desacostumada a respeitar uma autoridade. O garoto ficou por cerca de seis minutos atiçando dois felinos de grande porte, conhecidos por qualquer ser vivente como predadores. Até as pedras sabem que esses animais se alimentam de outros animais desde que o mundo é mundo.

Imediatamente após a divulgação das imagens começaram os julgamentos, principalmente os do "contra" e "a favor", seja do tigre, do garoto, do pai, do zoológico, de Deus etc. No atual modus operandi social de palpitar sobre tudo houve a esperada distribuição de culpa para todos os envolvidos, alguns até tentando amenizar o lado do garoto sob a alegação de que era "incapaz" de avaliar os riscos. Será? Com 11 anos você não sabe a diferença de um gato para um tigre?

Deixando um pouco o tigre de lado, vamos lembrar um pouco das histórias da Bíblia. Sem a menor conotação católico-cristã, mas apenas como exemplo. Muita gente atribui o pecado original ao sexo, fazendo uma analogia direta da mordida na maçã com rala e rola entre Adão e Eva. Mas Deus não poderia castigar pelo sexo, senão inviabilizaria a reprodução humana e jogaria por terra o famoso "crescei e multiplicai". 

O pecado original que condenou Eva e seu amasio ao mundo terreno foi a DESOBEDIÊNCIA. Deus deixou bem claro: não coma a fruta dessa árvore! E quando virou as costas lá foi ela e nhoc! Não tinha uma placa na macieira do tipo "fique longe, não coma". Por trás da desobediência está o conceito que quero chegar: o desrespeito!

Voltando ao zoológico, qual o padrão de comportamento dos visitantes: enfiar o braço na jaula ou manter-se afastado? Se uma criança violou o padrão é preciso olhar para esse caso isolado e tentar entender melhor de onde vem o comportamento tão prepotente.

Hoje em dia existe uma enorme confusão aqui em terras brasileiras com relação à educação. Também já escrevi sobre isso. E é um tal de pais entregarem seus filhos às escolas na crença cega de que o pimpolho sairá de lá um lorde inglês e com conhecimento de filósofo alemão. Mas em casa o filho faz o que quer, passa o dia no videogame, desobedece os pais e eventualmente despreza a autoridade dos empregados.

Educação é aquele conjunto de regras transmitidos de pais para filhos como uma carga genética. O que a escola transmite é conhecimento. Portanto, escola não educa, quem educa é o convívio familiar. Já defendi mais de um milhão de vezes a mudança do nome de ministério da Educação para ministério do Ensino.

Pergunto, que tipo de pai pode gerar um filho tão incapaz de entender a regra mais elementar, bíblica e basilar da educação que é a obediência? Que tipo de exemplo esse garoto tem em casa para ignorar tão descaradamente os perigos que envolvem o enfrentamento de um animal feroz? Uma criança que atiça descaradamente um animal selvagem como o tigre respeita seus professores? Obedece seus pais?

É o reflexo da falta de cuidado na educação, não da escola, mas aquela da formação do caráter. Quem enfrenta um tigre não é corajoso - como escreveram alguns - ou simplesmente desobediente?

Chamou-me a atenção o comentário de vários jornalistas que reforçaram o fato de no momento do acidente não ter nenhum vigia, embora o zoológico tenha se defendido alegando que a área é monitorada por quatro fiscais.

Ora, jornalistas são pessoas esclarecidas, viajam e normalmente voltam do exterior sempre com uma história de civilidade na ponta da língua. Ficam impressionados que nos museus americanos o visitante deposita o valor em uma caixa que fica ali, ao alcance de qualquer um, mas ninguém pega. Contam - impressionados - que na Áustria as padarias deixam o leite fora e as pessoas pegam e depositam as moedas em um pote, sem ninguém vigiando.

Mas cobram o fato de naquele local do zoo não haver um vigilante. É ISTO que quero chamar a atenção: educação não é um comportamento expresso diante de fiscalização, o nome disso é obediência. Educação é o comportamento do indivíduo quando não tem NINGUÉM olhando!

Por isso a Prefeitura de SP instalou mais uma centena de radares e câmeras de vigilância, porque o motorista só consegue se manter educado sob constante fiscalização. Porque não foi educado. Os motoristas/motociclistas mal e porcamente foram instruídos, quando foram... E os ciclistas nem isso!

Pela visão do jornalismo sensacionalista podemos perder a esperança em trânsito solidário sem que haja uma fiscalização opressiva e constante, como no zoológico. Não basta uma placa de proibido estacionar, precisa ter um fiscal. Não basta investir em passarela ou ciclovia, tem de fiscalizar. Não basta avisar que o leão é bravo, precisa colocar o braço lá dentro!


VÍDEO

segunda-feira, 24 de março de 2014

ATIVIDADE CIENTÍFICO-CULTURAL DOS CURSOS DE LETRAS E PEDAGOGIA 1º SEM. 2014

Nesta postagem, verificamos uma discussão de extrema relevância para o futuro da Educação em nosso país, desde as perguntas presentes já no título do texto. Leia atentamente sobre esta temática e discuta os pontos que você considerar mais relevantes com seus colegas. É refletindo sobre nossa área de atuação que poderemos modificar o estado das coisas. Mudar o mundo para melhor. Boa leitura e boa conversa, educadores e educadoras!


QUE ESCOLA TEREMOS? QUE ESCOLA QUEREMOS?
A ESCOLA NECESSÁRIA PARA O PRESENTE COM VISTAS PARA O FUTURO

Passamos um bom tempo do século XX tentando encontrar a fórmula da melhor escola para uma sociedade industrial que não se contentava em ser tratada como uma máquina ou como uma linha de montagem, na qual cada um fizesse sua parte e o produto final fosse a simples somatória dos esforços de todos.
Tivemos presente nesse século [...] a continuidade da Escola Tradicional modificada em alguns aspectos, principalmente no que se refere ao discurso, porém com uma prática extremamente autoritária; a presença da Escola Renovada, que veio centrando esforços na importância do sujeito como aprendiz, no desenvolvimento da autonomia, da criatividade e, principalmente, na construção do conhecimento; o surgimento de uma Escola Tecnicista, centrada na metodologia, nos recursos didáticos, no ensino prático, rápido e eficaz que tratava do atingimento de objetivos estabelecidos cuidadosamente e tecnicamente elaborados, para cada etapa de ensino-aprendizagem, previamente planejada, com o mesmo rigor exigido para o funcionamento de um maquinário; a Escola Progressista, que trouxe no seu âmago a força de oposição às outras, e que centrou sua atenção no conhecimento como instrumento de justiça social, fundamentado historicamente, a ser transformado coletivamente.
Apesar de todos os movimentos existentes, ao entrarmos em muitas universidades, escolas e outras instituições educacionais, encontramos presente a forte marca do Ensino Tradicional, na forma de como as cadeiras são dispostas, nas metodologias que se utilizam basicamente da aula expositiva como único recurso de ensino, nas avaliações que ainda se preocupam com o acúmulo de conhecimentos sem significado e outros aspectos que denunciam essa presença.
[...] A década de 1990, no entanto, permitiu que várias mudanças pudessem acontecer no campo educacional brasileiro, tanto no que se referiu a instituções educacionais como às organizações não-governamentais (ONGs), que se propuseram desempenhar seu papel de cidadania sem esperar que todas as soluções fossem propostas e desenvolvidas pelo governo, como também a área governamental, com uma LDB (1996) modificada, já citada, e uma proposta de parâmetros curriculares para todo o território nacional.
Houve um avanço, porém ainda muito tímido, diante do número de escolas que existem nesta imensidão que é o Brasil. Estamos presenciando o final da Era Industrial e vislumbrando a entrada na Era da Informação percebendo que toda a precisão técnica e científica desenvolvida a partir das necessidades industriais já não faz mais sentido, por si só, no mundo da comunicação, no qual o ser humano se faz novamente necessário, não como mão-de-obra ou como consumidor da produção material, e sim como sujeito numa relação, como ator desse mundo e como usuário da informação veiculada pela mídia. Não são mais as grandes indústrias que dominam o mercado financeiro do mundo e sim as empresas de comunicação.
Essa mudança de foco na economia do mundo traz como saldo positivo a possibilidade de finalmente sacudirmos um pouco a educação e promovermos transformações mais significativas, integradas ao discurso, sem fazer de conta que ensinamos enquanto alunos e alunas fazem de conta que aprendem e, diante da complexidade do mundo, se dão conta de que não podem se apoiar nos conhecimentos obtidos nos bancos escolares para desempenharem seu papel de cidadãos e cidadãs.
Nessa perspectiva, é essencial a vinculação da escola com as questões sociais e com os valores democráticos, não só do ponto de vista da seleção e tratamento de conteúdos, como também da própria organização escolar. [...] Pode-se dizer que a maioria das escolas tende a ser apenas um local de trabalho individualizado e não uma organização com objetivos próprios, elaborados e manifestados pela ação coordenada de seus diversos profissionais. [...] É imprescindível que cada escola discuta e construa seu projeto educativo (BRASIL-SEF, 1997, p. 48).
Um projeto educativo, no entanto, não pode estar pautado apenas na crença dos (das) profissionais que coordenam a escola, e sim das necessidades impostas pela atualidade e pelas perspectivas futuras.
Para delinearmos a Escola Necessária nos dias de hoje, é preciso pensar o homem, a mulher, o passado, o presente, o futuro, a função do conhecimento no mundo, principalmente as relações humanas e os valores que regem a convivência no mundo.
A nova era surge batizada de diferentes formas - Era do Conhecimento, Era da Comunicação, Era da Informação - indicando sobretudo a necessidade de uma revisão do papel do ser humano na Terra. É preciso re-pensar, re-sentir e re-agir. 
A educação precisa desencadear uma nova caminhada. Porém, não podemos nos contentar em ser instrumentos de mera adaptação como fizemos no século passado. Faz-se urgente que desenvolvamos uma visão projetada para o futuro, para que a educação possa ser mais um instrumento de transformação do mundo e das condições humanas.
A Escola Necessária deve, portanto, estar consciente do que deseja para o presente e para o futuro de nossos jovens, buscando a construção de pontes, tao bem descritas por NICOLESCU (1999), que permitam o trânsito entre a ciência e a consciência, o objetivo e o subjetivo, o exterior e o interior, a máquina e o humano, a produtividade e a solidariedade, o trabalho e o lazer, o pragmatismo e a religiosidade, a mudança e a preservação, o conhecimento historicamente construído e os fenômenos sociais da atualidade e, sobretudo, entre o mundo e os seres que o compõem.

Fonte: BARBOSA, Laura Monte Serrat. PCN - conversa com educadores: uma reflexão sobre os parâmetros curriculares nacionais. Curitiba: Bella Escola, 2002.


terça-feira, 24 de setembro de 2013

ATIVIDADES COMPLEMENTARES CIENTÍFICO-CULTURAIS

Mais um semestre letivo e novamente nos encontramos neste blog para ler novos textos, debater os temas com os colegas da área da Educação, mas acima de tudo, travamos um novo contato para ampliar nosso aprendizado. O tema do 2º semestre de 2013 está relacionado às mudanças na Lei que rege a Educação Básica de nosso país. Leia cuidadosamente os artigos a seguir e registre seu ponto de vista na área destinada aos comentários. Não se esqueça de colocar seu nome e RGM junto ao comentário, dessa forma a Prof.ª Ioshi Murata poderá acompanhar as produções de vocês. 

Ótimo trabalho a todos! 

Entre o direito e a obrigação

Obrigatoriedade do ensino não é determinante para o aumento das matrículas e para a permanência dos estudantes na escola

Meire Cavalcanti e Cristiane Marangon



        Com a aprovação do Senado Federal no dia 28 de outubro da Proposta de Emenda Constitucional 96 A/03, a educação passa a ser obrigatória e gratuita para crianças e jovens entre 4 e 17 anos de idade. Em uma leitura rápida e simples da questão, a força da lei pode parecer um caminho viável para a garantia dos direitos fundamentais da população brasileira.
         No entanto, entidades e especialistas criticam o modo apressado como o texto foi debatido e votado. Se, por um lado, é reconhecido que o acesso à escola desde os 4 anos de idade reflete positivamente no desenvolvimento escolar do educando, por outro, contesta-se a legitimidade de atribuir aos pais a obrigação das matrículas, como se o problema do déficit educacional brasileiro estivesse na demanda, e não na oferta. "O argumento para essa lei é que o pobre não vai à escola. Isso é uma falácia. É a escola que não vai até onde as crianças pobres estão", critica Vital Didonet, assessor da Organização Mundial para Educação Pré-Escolar.
        Ele afirma que a educação, em todas as etapas, e especialmente na educação infantil, é um direito e uma necessidade. A família trabalha fora e há crianças que ficam na rua ou em casa, brincando em espaços restritos, cuidando dos irmãos ou vendo TV. Na creche e na pré-escola, a criança brinca, tem acesso a materiais diversos, lê livros, conta com profissionais capacitados, vive dramatizações e recebe estímulos à fantasia. "Essas são coisas que qualquer criança, pobre, de classe média ou rica não terá se ficar isolada em um barraco ou em um apartamento", afirma Didonet.
         No entanto, se as famílias precisam da educação infantil e há filas por falta de vagas, não faz sentido responsabilizar os pais, sugerindo que eles é que estão descuidando da educação dos filhos. "Não se poderia dar um passo como esse, de mudar a Constituição, sem a mínima discussão. Essa lei tira o foco da responsabilidade do Estado e a coloca nos pais. Só que tudo isso, nacional e internacionalmente, deixa o Brasil numa posição escamoteada de que está cumprindo o seu dever. Creio que a solução não esteja na obrigação, mas na oferta com qualidade", pondera.
         Desde 1971, com a Lei 5.692, o Brasil tem como obrigatório o ensino dos 7 aos 14 anos. Em 2001, o Plano Nacional de Educação estabeleceu um ano a mais para o ensino fundamental, que passou a ter 9 anos de duração (dos 6 aos 14). Porém, a história recente do país aponta que apenas a obrigatoriedade do ensino não resulta diretamente em mais crianças na escola. Mesmo depois de quase 30 anos do estabelecimento da obrigatoriedade do ensino, o atendimento no Brasil beirava os 70%.  Só quando o Fundef surgiu, em 1996 (Lei 9.424/96), foi que a marcha rumo à universalização do ensino aconteceu, atingindo a marca de 97% dos indivíduos em idade escolar atendidos (segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, Pnad 2007).
          Fica claro, portanto, que não foi a obrigatoriedade o fator determinante do crescimento das matrículas, e sim a estratégia de política pública adotada - no caso, o financiamento, que estimulou estados e municípios a irem em busca das crianças que estavam fora da escola, já que cada uma representava mais dinheiro em caixa. Isso também mostra que a ação do Estado é decisiva e que, quando há oferta, os pais das classes mais pobres não se negam a matricular os filhos. "Esse discurso não é honesto. Dá a entender que eles não sabem da importância da escola, ou que precisam dela exclusivamente para evitar deixar os filhos presos no barraco ou longe de abuso sexual e trabalho infantil, o que não é verdade", afirma Didonet.
         Outro aspecto potencialmente negativo da aprovação da PEC 96 A/03 é que ela exclui da obrigatoriedade as crianças de 0 a 3 anos (etapa da creche). O texto vai contra todos os esforços das entidades e dos especialistas da educação infantil para dar unidade ao processo educativo de crianças de 0 a 6 anos. O objetivo era justamente consolidar essa fase da vida como uma etapa única (que se organiza por faixas de idade - creche e pré-escola -, mas que têm unidade de conteúdos e questões relativas aos cuidados).                     Colocada como não obrigatória, a creche perde força e segue no mesmo movimento em que se encontrava toda a educação infantil, o ensino médio e o EJA até agora: se a matrícula não é compulsória, o Estado se omite de seu dever de oferta.
Como a creche e a pré-escola ficaram por muito tempo sob responsabilidade da assistência social, eram vistas como espaços de alimentação, saúde, higiene e bons hábitos. A educação não era uma premissa. Com a LDB, em 1996, a etapa migrou (ao longo de três anos) para a pasta da educação. Com isso, creche e pré-escola passaram a ter como missão cuidar e educar os menores.
        "Hoje, com o avanço da psicologia, da psicanálise, da pedagogia e da neurociência, sabemos que os três primeiros anos de vida são determinantes na constituição da aprendizagem da pessoa, pois é nesse período que se formam as estruturas sinápticas cerebrais. A criança precisa de estímulos sociais, cognitivos e afetivos para a construção de valores, da autoimagem, da socialização e das condições de aprendizagem. A lei rebaixa a creche e colabora para o retorno da mentalidade de que essa é uma fase pouco importante", defende Didonet.
         E, se a questão em torno da obrigatoriedade fica no ombro dos pais, o debate sobre o direito à educação também deve acontecer em relação ao ensino médio. Afinal, de que forma poderá a família obrigar os filhos a irem à escola sem entrar, novamente, na questão da qualidade? "Quando se fala em obrigatoriedade, devem-se levar em conta as peculiaridades do adolescente e da criança como pessoas da informação. O Estado precisa criar medidas de sedução, ou seja, criar estímulos para que os estudantes - principalmente os adolescentes - possam frequentar as escolas de boa vontade, e não por imposição", pondera Motauri Ciocchetti de Souza, promotor da infância e juventude de São Paulo. "A escola deve ter qualidade suficiente para que o jovem não só se matricule, mas queira permanecer. E isso deve ser estimulado com o incremento dos cursos profissionalizantes, de forma a ser uma opção para entrada no mercado de trabalho", acrescenta. 
(Meire Cavalcanti e Cristiane Marangon)


Lei obriga pais a matricular crianças a partir dos 4 anos na pré-escola

        A partir de sexta-feira (5/04/13), o ensino se torna obrigatório entre os 4 e 17 anos. Os pais ficam responsáveis por colocar as crianças na educação infantil a partir dos 4 anos e por sua permanência até os 17. Já os municípios e os Estados têm até o ano de 2016 para garantir a inclusão dessas crianças na escola pública. Anteriormente, os pais eram obrigados a colocar as crianças na escola a partir dos 6 anos. 
       A alteração foi feita na LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) por meio da Lei nº 12.796, de 4 de abril de 2013, publicada no Diário Oficial da União desta sexta-feira (5). Essa regulamentação oficializa a mudança feita na Constituição por meio da Emenda Constitucional nº59 em 2009.
  • Art. 6º
"É dever dos pais ou responsáveis efetuar a matrícula das crianças na educação básica a partir dos 4 anos de idade"
         A lei publicada hoje também "divide" a educação em três etapas: educação infantil, ensino fundamental e ensino médio -- anteriormente, havia citação apenas para o ensino fundamental e médio.

Pais podem ser multados

      Segundo o advogado Ariel de Castro Alves, da Comissão da Criança e do Adolescente da OAB, os pais podem ser multados se não respeitarem a nova legislação -- os valores podem ir de três a vinte salários mínimos segundo o artigo 249 do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente).
        "A lei dispõe que ela entra em vigor na data da sua publicação, [e por isso] os pais já têm o dever de procurar vagas para seus filhos a partir dos 4 anos na educação básica [a partir desta sexta]", explica Ariel de Castro Alves.
Existe também uma punição criminal no Código Penal (artigo 246) aos pais que abandonam a educação do seu filho. A pena é de multa ou detenção de 15 dias a um mês.
       Segundo o MEC, "a obrigatoriedade da educação básica dos 4 aos 17 anos decorre da Emenda Constitucional nº 59, de 11 de novembro de 2009. A mesma EC garante que a medida deverá ser implementada progressivamente, até 2016". E, completa: "Evidentemente, não há como dissociar a obrigação dos pais da existência de vagas, que deverá ser garantida até o prazo previsto na EC."
Para o advogado Flavio Augusto Antunes, especialista em direito educacional, a lei "antecipa" o prazo de cumprimento da Emenda Constitucional 59. Ele faz ainda uma observação: "Os gestores públicos terão de cumprir essa lei desde já, sob pena de se considerar crime de responsabilidade, no caso de negligência com sua implementação, conforme já dizia o artigo 5º, § 4º, da Lei nº 9.394/96 (LDB)".

Educação infantil

       Há também orientação sobre a avaliação da educação infantil. Não haverá retenção ou reprovação das crianças nessa etapa de ensino. A avaliação será feita "mediante acompanhamento e registro do desenvolvimento das crianças". Os ensinos fundamental e médio já possuem quesitos de avaliação consolidados por meio do Saeb, com a Prova Brasil e o Ideb que medem a qualidade da educação dessas etapas.
       Segundo a lei publicada hoje, "a educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança de até 5 anos, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade". Ficou estabelecido que a educação infantil será organizada de acordo com as seguintes regras:
  • Avaliação mediante acompanhamento e registro do desenvolvimento das crianças, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental;
  • carga horária mínima anual de 800 horas, distribuída por um mínimo de 200 dias de trabalho educacional;
  • atendimento à criança de, no mínimo, 4 horas diárias para o turno parcial e de 7 horas para a jornada integral;
  • controle de frequência pela instituição de educação pré-escolar, exigida a frequência mínima de 60% do total de horas;
  • expedição de documentação que permita atestar os processos de desenvolvimento e aprendizagem da criança.

Saiba quais são as 20 metas do PNE 
para a educação até 2020

Meta 1 - Educação infantil: Garantir vaga na escola pública para todas as crianças de 4 e 5 anos até 2016, e para 50% das crianças de até 3 anos até 2020.

Entenda

       A pré-escola é a etapa anterior ao ensino fundamental e compreende a faixa etária dos 4 aos 5 anos de idade. Antes da mudança na Constituição, o ensino fundamental era a única fase escolar obrigatória no Brasil. Depois da emenda, o ensino passa a ser obrigatório dos 4 aos 17 anos, incluindo a pré-escola, o ensino fundamental e o médio. É dever dos pais matricular seus filhos a partir dos 4 anos e obrigação das redes de ensino garantir a vaga para todos as crianças a partir da mesma idade.

      Os dados mais recentes do IBGE indicam que 1.154.572 crianças de 4 e 5 anos ainda estavam fora da escola em 2010.  Apesar do enorme contingente ainda excluído, a matrícula na pré-escola avançou significativamente na última década. Em 2000, apenas 51,4% tinham acesso a educação nesta faixa etária, patamar que saltou para 80,1% em 2010.

       Pacto irá garantir alfabetização de todas as crianças brasileiras até os oito anos de idade

        Os eixos principais são: garantir a alfabetização até os oito anos de idade; colocar as creches e pré-escolas em pleno funcionamento; e implantar português e matemática no contraturno das escolas de tempo integral

       Para garantir que todas as crianças brasileiras estejam alfabetizadas até os oito anos de idade ao fim do terceiro ano do ensino fundamental, o governo federal lançou, nesta quinta-feira (8), o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa. O pacto é um conjunto de medidas na área de educação que terá investimentos de R$ 2,7 bilhões, até 2014, em capacitação, material didático e bolsas para cerca de 360 mil professores alfabetizadores.
        O compromisso foi firmado entre governo federal, prefeituras, governos estaduais e do Distrito Federal, com adesão de todas as secretarias estaduais de educação e de 5.270 municípios. As redes municipais e estaduais deverão aderir ao programa para receber recursos e o apoio técnico do Ministério da Educação (MEC).

Taxas de não alfabetização

      “Temos várias universidades trabalhando nesse projeto, material didático, a formação dos professores alfabetizadores. No Sul do País, as crianças na idade dos oito anos que não são alfabetizadas são 5%. No Nordeste, 28 % das crianças não aprendem a ler e escrever na idade certa”, disse o ministro da Educação, Aloizio Mercadante.
         A média nacional de crianças brasileiras não alfabetizadas aos oito anos é de 15,2%, mas há estados em situação mais grave, como o Maranhão, que conta com 34% de crianças não alfabetizadas na idade certa; e Alagoas, com taxa de 35%. O Paraná tem a menor taxa do País, de 4,9%, seguindo de Santa Catarina, com 5,1%.
       A presidenta Dilma Rousseff destacou a importância da alfabetização na idade certa para garantir a igualdade de oportunidades a todos os brasileiros. “O nosso compromisso é garantir que toda criança de até oito anos, que estuda em escola pública, tenha o domínio da leitura e da escrita, e conheça as primeiras operações matemáticas. Esse é o fundamento para se construir uma vida cidadã. É o ponto de partida para que todos os brasileiros tenham, quando chegar a hora, a oportunidade de competir, sempre em igualdade de condições”, afirmou.

Medidas

       A Portaria nº 867, de 4 de julho de 2012, que estabelece as regras do pacto foi publicada no Diário Oficial da União do dia 5 de julho. O principal eixo do pacto é a formação continuada de 360 mil professores alfabetizadores, que farão cursos presenciais com duração de dois anos. No primeiro ano, com ênfase em linguagem; no segundo, em matemática. Os cursos serão totalmente custeados pela União e oferecidos no próprio município no qual o professor trabalha. Os profissionais receberão uma bolsa para participar da atividade.
      A formação será supervisionada por aproximadamente 18 mil orientadores de estudo, capacitados em 34 universidades públicas do País, e selecionados dentro da própria rede pública, pela experiência em alfabetização e coordenação pedagógica. “São os melhores professores e mais experientes. São os professores dando aula para os professores”, salientou o secretário de educação básica do ministério, César Callegari.
       Além dessas ações, o MEC fornecerá o material necessário para garantir, a cerca de, oito milhões de alunos o processo da alfabetização plena nos três primeiros anos do ensino fundamental. Serão distribuídos 26,5 milhões de livros didáticos nas escolas de ensino regular e do campo, além de 4,6 milhões de dicionários, 10,7 milhões de obras de literatura e 17,3 milhões de livros paradidáticos. O pacto vai assegurar, ainda, uma pequena biblioteca em cada sala de alfabetização.
  • O programa prevê investimentos de R$ 2,7 bi em capacitação, material didático e bolsas para cerca de 360 mil professores até 2014.
       Outro destaque será a criação de um sistema de avaliação para medir o nível de alfabetização, para o qual professores e escolas serão capacitados. As escolas realizarão provas diagnósticas, além das aferições do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), aplicadas para o segundo e terceiro anos do ensino fundamental. A iniciativa vem suprir a falta de um exame oficial que indique se crianças estão sendo alfabetizadas ou não na idade correta.
Haverá ainda um sistema de incentivo a escolas e professores que mais avançarem no processo de alfabetização, que destinará, no primeiro ano, R$ 500 milhões para premiação.

Royalties

        Durante a cerimônia de lançamento, o ministro Mercadante, defendeu que os recursos provenientes dos royalties do petróleo sejam investidos em educação.
“A Câmara votou o Plano Nacional de Educação por unanimidade e estabeleceu que em dez anos deveríamos dobrar os investimentos em educação, chegando a 10% do Produto Interno Bruto (PIB). Mas, até o momento, não temos uma fonte de financiamento capaz de cumprir essa meta. O caminho era a riqueza nova que estamos descobrindo, a riqueza dos royalties do petróleo. Vamos agora, junto ao Senado, continuar lutando para que os royalties sejam encaminhados para a educação”, disse.
       A presidenta Dilma Rousseff classificou a iniciativa como estratégica para o País, sendo decisiva na diminuição das desigualdades sociais e regionais. “Nós não podemos ficar insensíveis à questão da desigualdade social. Está em jogo o futuro do Brasil. A insuficiência de aprendizado das crianças brasileiras da escola pública está na raiz da desigualdade e da exclusão. Nosso País só poderá se orgulhar de dar oportunidade igual para todos se esse pacto for cumprido de uma forma sistemática e obsessiva”, completou.

Fonte:


http://www.brasil.gov.br/noticias/arquivos/2012/11/08/pacto-ira-garantir-alfabetizacao-de-todas-as-criancas-brasileiras-ate-os-oito-anos-de-idade



terça-feira, 19 de março de 2013

ATIVIDADES COMPLEMENTARES 2013 - PEDAGOGIA E LETRAS UNISUZ

EDUCAR PARA A SUSTENTABILIDADE

Um dos temas que mais preocupa nossa geração é a SUSTENTABILIDADE. Não só quando pensamos em nosso futuro, mas nas novas gerações, sobre as quais haverá um impacto ainda maior se não começarmos a mudar  a realidade que hoje vivemos.

 Mas será que todos sabemos exatamente o que esse termo significa? Neste semestre letivo, nossa discussão do blog trará algumas informações sobre este tema tão relevante para nós, educadores. Você encontrará nessa postagem vários itens que fomentarão nossa discussão: uma citação do autor Boaventura de Sousa Santos, um artigo publicado na Revista Aprendizagem e um vídeo da Ong SWU, que explica didaticamente o conceito.

 Após as leituras, discuta com seus colegas sobre nosso papel, enquanto educadores  e cidadãos, no estabelecimento de novos hábitos e atitudes que possam nos direcionar com nossos alunos para uma vida mais sustentável, em harmonia com o mundo em que vivemos.


                "A nova dignidade da natureza mais se consolidou quando se verificou que o desenvolvimento tecnológico desordenado nos tinha separado da natureza em vez de nos unir a ela e que a exploração da natureza tinha sido o veículo da exploração do homem. [...] A concepção humanística das ciências sociais enquanto agente catalisador da progressiva fusão das ciências naturais e ciências sociais coloca a pessoa, enquanto autor e sujeito do mundo, no centro do conhecimento, mas, ao contrário das humanidades tradicionais, coloca o que hoje designamos por natureza no centro da pessoa. Não há natureza humana porque toda a natureza é humana." (Boaventura de Sousa Santos)





REVISTA APRENDIZAGEM: A ESCOLA E A SUSTENTABILIDADE


 “Ele ensinava sem conversa, pela sua atitude por inteiro, a respeitar os    pequenos, entre os quais se enxergava (...)” Pierre Bourdieu


A questão ambiental na escola, ou fora dela, deve ser abordada para além dos conhecimentos técnicos, com um enfoque humanista, social e político. Isso para que o meio ambiente seja concebido em sua totalidade, considerando a interdependência entre o meio natural, o sócio-econômico e o cultural.
Em junho de 1992, um documento de enorme relevância para a Educação Ambiental foi aprovado pela comunidade Internacional. Denominado Agenda 21, ele continha compromissos para mudança do padrão de desenvolvimento no século 21. O Capítulo 36 foi dedicado à promoção de ensino, da conscientização e do treinamento, reorientando a educação no sentido do desenvolvimento sustentável. Em consonância com isso, o documento procurava conferir consciência ambiental e ética, valores e atitudes, técnicas e comportamentos, favorecendo a participação pública nas tomadas de decisão.
A lei 9.795, a qual institui a Política Nacional de Educação Ambiental, recomenda que a “dimensão ambiental deverá constar nos currículos de formação de professores em todos os níveis e em todas as disciplinas. Assim como os professores em atividade deverão receber formação complementar em suas áreas de atuação.” Mas sabemos que não existe nenhuma lei capaz de alterar a realidade. Talvez, por isso, a epígrafe do Módulo 4 do “Guia do Formador nos Parâmetros em Ação (5ª a 8ª série)” seja a frase de Anne Robert Turgot: “ o problema essencial da educação é dar o exemplo”.
O conceito de sustentabilidade foi utilizado pela primeira vez em 1713, por Carlowitz. Ele afirmava que “ a natureza deve ser obrigatoriamente utilizada com base nas suas características naturais para o bem-estar da população, manejada e conservada com cuidado e com a responsabilidade de deixar um bom legado para as futuras gerações.”
Hoje, tal conceito não fica restrito à área ambiental, tendo sido incorporado por outros setores, tais como o político e o econômico. Deve ser entendido como a administração dos recursos ambientais, com o objetivo de conservá-los, garantindo que as gerações futuras encontrem suas necessidades de sobrevivência no local onde vivem. Porém, apesar de toda essa abrangência, quanto mais se fala sobre meio ambiente, menos se faz. Ficamos no discurso. Esquecemos da ação.
A educação para o ambiente é um processo que resulta na mudança de atitudes que devem se iniciar pela prática e se instalar de modo organizado e oficial na instituição de ensino, não apenas como parte do currículo.
Para tanto, cada um deve fazer a sua parte. A escola cria mecanismos de sustentabilidade ambiental e as Instituições de Ensino superior (IES) se responsabilizam por capacitar o professor como agente das mudanças de comportamento. Este, por sua vez, em sala de aula, assume esse papel.
Portanto, implantar uma Agenda 21, focalizada na realidade de cada escola, pode ser um passo para que o discurso da sustentabilidade se transforme em ação.

Marília Ferraz
Bióloga, Mestre em Engenharia das Ciências Ambientais; Doutoranda em Educação;membro do Cionselho diretor do Instituto Samuel Murgel Branco; Professora de Metodologia Científica nos Cursos de Pós-Graduação Lato Sensu das Faculdades SENAI.



FERRAZ, Marília. A escola e a sustentabilidade. Revista Aprendizagem. São Paulo, Melo,  ano 1, nº 1, julho/agosto,  2007.





quarta-feira, 12 de setembro de 2012

ATIVIDADE DOS CURSOS DE LETRAS E PEDAGOGIA - 2º SEMESTRE DE 2012


Mais uma vez nos encontramos aqui no blog para debater temas de relevância para nossa formação pedagógica. Neste semestre, o texto orientador das discussões acadêmicas será do filósofo MÁRIO SÉRGIO CORTELLA. Tivemos o privilégio de ver uma apresentação dele na Feira do Livro realizada em Suzano no início deste ano, portanto, nada mais enriquecedor do que conhecer um pouco mais sobre este grande educador. Leia atentamente as colocações de Cortella e depois registre suas reflexões no espaço destinado aos comentários. 



A RELAÇÃO SOCIEDADE/ESCOLA: 

ALGUNS APELIDOS CIRCUNSTANCIAIS
Mário Sérgio Cortella

Por volta de 1632, Comênius enunciou uma desalentada análise de Educação que, de um ponto de vista desanimador, seria profundamente pertinente à nossa realidade atual:

“Desde há mais de cem anos, espalhou-se uma grande quantidade de lamentações sobre a desordem das escolas e do método, e, sobretudo, nos últimos trinta anos, pensou-se ansiosamente nos remédios. Mas, com que proveito? As escolas permaneceram tais quais eram. Se alguém, particularmente, ou em qualquer escola em particular, começou a fazer qualquer coisa, pouco adiantou: ou foi acolhido pelas gargalhadas dos ignorantes, ou coberto pela inveja dos malévolos, ou então, privado de auxílios, sucumbiu ao peso dos trabalhos; e, assim, até agora, todas as tentativas têm resultado vãs” (Comênio, 1985, p. 467-468)

Ignorância, inveja maldosa, desamparo e exaustão pessoal são as causas da “desordem escolar” indicadas nesse trecho pelo persistente educador tcheco; ele as apontou como fatores de responsabilidade individual pelos males educacionais, há mais de 4 séculos!
Contudo, se omitirmos o contexto e a autoria dessa análise, é muito provável que grande parte dos educadores no Brasil a assumisse como plenamente coincidente com a realidade de nossa Educação e até a considerasse como aqui elaborada recentemente. Como a Escola, devem ser acrescentadas determinantes sociais de nossa profissão.
Qual o sentido social do que fazemos? A resposta a essa questão está na dependência da compreensão política que tivermos da finalidade do nosso trabalho pedagógico, isto é, da concepção sobre a relação entre Sociedade e Escola que adotarmos.
Vamos nos deter um pouco sobre três dessas concepções que, grosso modo, representam posturas predominantes em vários momentos de nossa Educação e que, de alguma maneira, convivem simultaneamente (nas escolas e, muitas vezes, em cada um de nós).
[...]
O otimismo ingênuo atribui à Escola uma missão salvífica, ou seja, ela teria um caráter messiânico; nessa concepção, o educador se assemelharia a um sacerdote, teria uma tarefa quase religiosa e, por isso, seria portador de uma vocação. Na relação com a sociedade, a compreensão é a de que a educação seria a alavanca do desenvolvimento e do progresso; a frase que resume isso é “ o Brasil é um país atrasado porque a ele falta Educação; se dermos Escola a todos os brasileiros, o país sairá do subdesenvolvimento
[...]
Tal posição predominou quase isoladamente até meados dos anos 1970, quando começou a ser abalada pela influência de uma análise mais contundente do fenômeno educativo.
Entra em cena, nessa época, uma outra concepção, apoiada na noção central de que a educação é, isso sim, a tarefa primordial de servir ao Poder e não a de atuar no âmbito global da sociedade e, por isso, não é nada mais do que um instrumento da dominação. A esta visão daremos o apelido de pessimismo ingênuo.
Por contraposição à concepção anterior, esta defende a idéia de que a função da escola é a de reprodutora da desigualdade social, com um caráter dominador; nela o educador é um agente da ideologia dominante, ou seja, um mero funcionário das elites. Dessa forma, por ser a sociedade impregnada de diferenças garantidas por um Poder comprometido, a relação da escola com ela é a de ser um aparelho ideológico do estado, destinado a perpetuar o “sistema”
[...]
No início dos anos 1980 foi sendo gestada ma outra concepção que buscou resgatar a positividade das anteriores, procurando superar tanto a fragilidade inocente contida no otimismo desenfreado quanto o imobilismo fatal presente no pessimismo militante. A ela chamaremos otimismo crítico, ao pretender indicar o valor que a escola deva ter, sem cair na noção de neutralidade ou colocá-la como inútil para a transformação social.
Esta concepção deseja apontar a natureza contraditória das instituições sociais e, aí a possibilidade de mudanças; a educação dessa maneira, teria uma função conservadora e uma função inovadora ao mesmo tempo.
[...]
Para um otimismo crítico, o educador é alguém que tem um papel político/pedagógico, ou seja, nossa atividade não é neutra e nem absolutamente circunscrita. A educação escolar e os educadores têm , assim, uma autonomia relativa; podemos representá-la com a inserção da escola no interior da sociedade, com uma via de mão dupla e não como na primeira concepção, com a escola totalmente independente e nem como na segunda, com ela dominada inteiramente.
[...]
_________________
Comênius. Nome latinizado de Jan Amos Komensky (1592-1670), educador nascido na Moravia (parte da atual República Tcheca) e que buscou empreender reformas educacionais em seu país, na Suécia, Inglaterra, Polônia, Hungria e Países Baixos.

CORTELLA, Mario Sergio. A escola e o conhecimento: fundamentos epistemológicos e políticos. 14. Ed. São Paulo: Cortez, 2011.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

2012 - ATIVIDADES CIENTÍFICO-CULTURAIS E DE APROFUNDAMENTO - CURSOS DE LETRAS E PEDAGOGIA

AO INICIAR AS AULAS, TAMBÉM INICIAMOS NOSSOS DEBATES PARA NOS MANTERMOS ATUALIZADOS SOBRE AS NOVIDADES DA ÁREA DA EDUCAÇÃO. 

 A SEGUIR, LEIA UMA MATÉRIA SOBRE AS METAS PARA A EDUCAÇÃO NO NOSSO PAÍS NOS PRÓXIMOS ANOS.

DISCUTA COM SEUS COLEGAS SOBRE AS METAS QUE VOCÊ CONSIDERA MAIS RELEVANTES PARA A MELHORIA DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA.

 

FELIZ  2012 PARA TODOS NÓS EDUCADORES!!!


 

MEC divulga Plano Nacional de Educação 2011-2020

O texto passará por análise e votação

no Congresso Nacional

O Plano Nacional de Educação (PNE) para a próxima década foi entregue pelo ministro da Educação, Fernando Haddad, ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta quarta-feira (15). O documento deverá ser enviado ao Congresso, para apreciação dos parlamentares e, após aprovação, servirá como diretriz para todas as políticas educacionais do País.
O PNE 2011-2020 é composto por 12 artigos e um anexo com 20 metas para a Educação. Na avaliação do ministro, o novo plano terá como foco a valorização do magistério. A qualidade da Educação é outro tema de relevo.
Conheça abaixo as metas para a Educação expostas no Plano:
Meta 1: Universalizar, até 2016, o atendimento escolar da população de 4 e 5 anos, e ampliar, até 2020, a oferta de Educação Infantil de forma a atender a 50% da população de até 3 anos.
Meta 2: Universalizar o ensino fundamental de nove anos para toda população de 6 a 14 anos.
Meta 3: Universalizar, até 2016, o atendimento escolar para toda a população de 15 a 17 anos e elevar, até 2020, a taxa líquida de matrículas no ensino médio para 85%, nesta faixa etária.
Meta 4: Universalizar, para a população de 4 a 17 anos, o atendimento escolar aos estudantes com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação na rede regular de ensino.
Meta 5: Alfabetizar todas as crianças até, no máximo, os oito anos de idade.
Meta 6: Oferecer Educação em tempo integral em 50% das escolas públicas de Educação Básica.
Meta 7: Atingir as seguintes médias nacionais para o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb):
Ideb
2011
2013
2015
2017
2019
2021
Anos iniciais do ensino fundamental
4,6
4,9
5,2
5,5
5,7
6,0
Anos finais do ensino fundamental
3,9
4,4
4,7
5,0
5,2
5,5
Ensino médio
3,7
3,9
4,3
4,7
5,0
5,2
Meta 8: Elevar a escolaridade média da população de 18 a 24 anos de modo a alcançar mínimo de 12 anos de estudo para as populações do campo, da região de menor escolaridade no País e dos 25% mais pobres, bem como igualar a escolaridade média entre negros e não negros, com vistas à redução da desigualdade educacional.
Meta 9: Elevar a taxa de alfabetização da população com 15 anos ou mais para 93,5% até 2015 e erradicar, até 2020, o analfabetismo absoluto e reduzir em 50% a taxa de analfabetismo funcional
Meta 10: Oferecer, no mínimo, 25% das matrículas de Educação de Jovens e Adultos na forma integrada à Educação profissional nos anos finais do Ensino Fundamental e no Ensino Médio.
Meta 11: Duplicar as matrículas da Educação Profissional Técnica de nível médio, assegurando a qualidade da oferta.
Meta 12: Elevar a taxa bruta de matrícula na Educação Superior para 50% e a taxa líquida para 33% da população de 18 a 24 anos, assegurando a qualidade da oferta.
Meta 13: Elevar a qualidade da Educação Superior pela ampliação da atuação de mestres e doutores nas instituições de Educação Superior para 75%, no mínimo, do corpo docente em efetivo exercício, sendo, do total, 35% doutores.
Meta 14: Elevar gradualmente o número de matrículas na pós-graduação stricto sensu de modo a atingir a titulação anual de60 mil mestres e 25 mil doutores.
Meta 15: Garantir, em regime de colaboração entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, que todos os professores da Educação Básica possuam formação específica de nível superior, obtida em curso de licenciatura na área de conhecimento em que atuam.
Meta 16: Formar 50% dos professores da Educação Básica em nível de pós-graduação lato e stricto sensu, garantir a todos formação continuada em sua área de atuação.
Meta 17: Valorizar o magistério público da Educação Básica a fim de aproximar o rendimento médio do profissional do magistério com mais de onze anos de escolaridade do rendimento médio dos demais profissionais com escolaridade equivalente.
Meta 18: Assegurar, no prazo de dois anos, a existência de planos de carreira para os profissionais do magistério em todos os sistemas de ensino.
Meta 19: Garantir, mediante lei específica aprovada no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, a nomeação comissionada de diretores de escola vinculada a critérios técnicos de mérito e desempenho e à participação da comunidade escolar.
Meta 20: Ampliar progressivamente o investimento público em Educação até atingir, no mínimo, o patamar de 7% do produto interno bruto do País.