EDUCAR PARA A SUSTENTABILIDADE
Um dos temas que mais preocupa nossa geração é a SUSTENTABILIDADE. Não só quando pensamos em nosso futuro, mas nas novas gerações, sobre as quais haverá um impacto ainda maior se não começarmos a mudar a realidade que hoje vivemos.
Mas será que todos sabemos exatamente o que esse termo significa? Neste semestre letivo, nossa discussão do blog trará algumas informações sobre este tema tão relevante para nós, educadores. Você encontrará nessa postagem vários itens que fomentarão nossa discussão: uma citação do autor Boaventura de Sousa Santos, um artigo publicado na Revista Aprendizagem e um vídeo da Ong SWU, que explica didaticamente o conceito.
Após as leituras, discuta com seus colegas sobre nosso papel, enquanto educadores e cidadãos, no estabelecimento de novos hábitos e atitudes que possam nos direcionar com nossos alunos para uma vida mais sustentável, em harmonia com o mundo em que vivemos.
"A nova dignidade da natureza mais se
consolidou quando se verificou que o desenvolvimento tecnológico desordenado
nos tinha separado da natureza em vez de nos unir a ela e que a exploração da
natureza tinha sido o veículo da exploração do homem. [...] A concepção humanística das ciências sociais enquanto agente catalisador da
progressiva fusão das ciências naturais e ciências sociais coloca a pessoa,
enquanto autor e sujeito do mundo, no centro do conhecimento, mas, ao contrário
das humanidades tradicionais, coloca o que hoje designamos por natureza no
centro da pessoa. Não há natureza humana porque toda a natureza é humana." (Boaventura de Sousa Santos)
REVISTA APRENDIZAGEM: A ESCOLA E A
SUSTENTABILIDADE
“Ele ensinava sem conversa, pela sua atitude
por inteiro, a respeitar os pequenos, entre os quais se enxergava (...)” Pierre
Bourdieu
A questão ambiental na
escola, ou fora dela, deve ser abordada para além dos conhecimentos técnicos,
com um enfoque humanista, social e político. Isso para que o meio ambiente seja
concebido em sua totalidade, considerando a interdependência entre o meio
natural, o sócio-econômico e o cultural.
Em junho de 1992, um
documento de enorme relevância para a Educação Ambiental foi aprovado pela comunidade
Internacional. Denominado Agenda 21, ele continha compromissos para mudança do
padrão de desenvolvimento no século 21. O Capítulo 36 foi dedicado à promoção
de ensino, da conscientização e do treinamento, reorientando a educação no
sentido do desenvolvimento sustentável. Em consonância com isso, o documento
procurava conferir consciência ambiental e ética, valores e atitudes, técnicas
e comportamentos, favorecendo a participação pública nas tomadas de decisão.
A lei 9.795, a qual institui a
Política Nacional de Educação Ambiental, recomenda que a “dimensão ambiental
deverá constar nos currículos de formação de professores em todos os níveis e
em todas as disciplinas. Assim como os professores em atividade deverão receber
formação complementar em suas áreas de atuação.” Mas sabemos que não existe
nenhuma lei capaz de alterar a realidade. Talvez, por isso, a epígrafe do
Módulo 4 do “Guia do Formador nos Parâmetros em Ação (5ª a 8ª série)” seja a
frase de Anne Robert Turgot: “ o problema essencial da educação é dar o
exemplo”.
O conceito de
sustentabilidade foi utilizado pela primeira vez em 1713, por Carlowitz. Ele
afirmava que “ a natureza deve ser obrigatoriamente utilizada com base nas suas
características naturais para o bem-estar da população, manejada e conservada
com cuidado e com a responsabilidade de deixar um bom legado para as futuras
gerações.”
Hoje, tal conceito não
fica restrito à área ambiental, tendo sido incorporado por outros setores, tais
como o político e o econômico. Deve ser entendido como a administração dos
recursos ambientais, com o objetivo de conservá-los, garantindo que as gerações
futuras encontrem suas necessidades de sobrevivência no local onde vivem.
Porém, apesar de toda essa abrangência, quanto mais se fala sobre meio
ambiente, menos se faz. Ficamos no discurso. Esquecemos da ação.
A educação para o ambiente
é um processo que resulta na mudança de atitudes que devem se iniciar pela
prática e se instalar de modo organizado e oficial na instituição de ensino,
não apenas como parte do currículo.
Para tanto, cada um deve
fazer a sua parte. A escola cria mecanismos de sustentabilidade ambiental e as
Instituições de Ensino superior (IES) se responsabilizam por capacitar o professor
como agente das mudanças de comportamento. Este, por sua vez, em sala de aula,
assume esse papel.
Portanto, implantar uma
Agenda 21, focalizada na realidade de cada escola, pode ser um passo para que o
discurso da sustentabilidade se transforme em ação.
Marília Ferraz
Bióloga, Mestre em Engenharia das Ciências
Ambientais ; Doutoranda em Educação;membro do Cionselho
diretor do Instituto Samuel Murgel Branco; Professora de Metodologia Científica
nos Cursos de Pós-Graduação Lato Sensu das Faculdades SENAI.
FERRAZ,
Marília. A escola e a sustentabilidade. Revista Aprendizagem. São Paulo, Melo, ano 1, nº 1, julho/agosto, 2007.