Em matéria publicada na revista Pátio, Marilene Guimarães propõem uma discussão um tanto quanto polêmica acerca das questões étnico-raciais na educação. Leia os fragmentos abaixo e registre seu comentário sobre o que diz a autora. Aproveite a oportunidade para debater com seus colegas, afinal o blog existe para a democratização das opiniões. Comente livremente, quantas vezes quiser, promova um debate com seus colegas!!
O ENSINO DA HISTÓRIA E DA CULTURA
AFRICANA E AFRO-BRASILEIRA NAS ESCOLAS
Nossos currículos são todos brancos, da História Geral à Geometria. Com uma mudança na LDB, que se apresenta democrática, nada mais democrático do que inserir o negro em sua própria História.
A obrigatoriedade do ensino da História e da Cultura Africana e Afro-brasileira nos currículos das escolas públicas e particulares, conforme a Lei n 10.639/2003, gerou certa polêmica e alguma indignação. Confesso que, até pouco tempo, eu também compactuava com esse sentimento, tendo como base principal argumentos sobre a exclusão de outras culturas que igualmente fizeram do Brasil um país rico em diversidade.
A maneira como a lei foi apresentada causou certo desconforto. Remete a um autoritarismo que buscamos afastar de nossas salas de aula, principalmente por alterar a Lei de Diretrizes e Bases (LDB), de 1996, que apregoa maior liberdade às escolas e aos currículos mais flexíveis. Os mais exaltados proclamam ainda ser desnecessária a medida, visto que a LDB traz em seu “conteúdo que o ensino da História do Brasil levará em conta as contribuições das diferentes culturas e etnias para a formação do povo brasileiro, especialmente das matizes indígenas, africana e européia”.
Obviamente, a educação de um país não se consolida através de leis como esta, mas sim do trabalho incessante e consciente de seus principais autores (professores e alunos); tampouco o currículo escolar deve ser um repositório de decisões políticas, dificultando seu verdadeiro sentido pedagógico. Porém, há questões relevantes quanto à discussão sobre o ensino da cultura africana e afrodescendente que vão de encontro às condições de vida e sobrevivência do povo de um país, considerando a segunda nação com maioria da população negra do mundo. E isso acaba por implicar também decisões políticas que viabilizem a transformação de muitos paradigmas da nossa sociedade.
O PRECONCEITO TRAZIDO PELOS PORTUGUESES NOS NAVIOS NEGREIROS PERMANECEU QUASE INTACTO, COM ALGUMAS (POUCAS) VARIAÇÕES, AO LONGO DE NOSSA HISTÓRIA.