terça-feira, 6 de setembro de 2011

LEIA A MATÉRIA A SEGUIR, PUBLICADA PELA REVISTA VEJA EM 04/08/11, E DISCUTA ESSE ASSUNTO TÃO POLÊMICO, QUE AFLIGE HOJE GRANDE PARTE DOS EDUCADORES NO BRASIL E NO MUNDO. SERÁ QUE ESTAMOS PREPARADOS PARA ESSA GRANDE VIRADA TECNOLÓGICA QUE SE APROXIMA? REGISTRE SEU PONTO DE VISTA E TROQUE INFORMAÇÕES COM SEUS COLEGAS EDUCADORES.



A mão ativa o cérebro

A palavra escrita no papel está ameaçada de extinção pelo computador - e isso pode não ser bom para o ensino

Texto
 de Luís Guilherme Barrucho
                



                O momento em que o homem começou a expressar-se por meio da escrita, gravando caracteres em tabletas de argila há cerca de 5 000 anos, marca ofim da pré-história e a pedra fundamental das civilizações tal como as conhecemos hoje. Mas a maneira como desde então a humanidade vem perpetuando sua memória e transmitindo conhecimento de uma geração para outra pode virar peça de museu. Na semana passada, uma decisão tomada nos Estados Unidos veio reforçar essa ideia que tanto atormenta os (cada vez mais raros) entusiastas do lápis e do papel. Em ato inédito, o governo do estado de Indiana desobrigou as escolas de ensinar a escrita cursiva (aquela em que as letras são emendadas umas nas outras) e recomendou que elas passassem a dedicar-se mais à digitação em teclados de computador - decisão que deve ser acompanhada por outros quarenta estados seguidores do mesmo currículo. Oficializa-se com isso algo que, na prática, já se percebe de forma acentuada, inclusive no Brasil. Diz a VEJA o especialista americano Mark Warschauer, professor da Universidade da Califórnia: "Ter destreza no computador tornou-se um bem infinitamente mais valioso do que produzir uma boa letra". 


                Ninguém de bom-senso discorda disso. Um conjunto recente de pesquisas na área da neurociência, no entanto, sugere uma reflexão acerca dos efeitos devastadores do computador sobre a tradição da escrita em papel. Por meio da observação do cérebro de crianças e adultos, verificou-se de forma bastante clara que a escrita de próprio punho provoca uma atividade significativamente mais intensa que a da digitação na região dedicada ao processamento das informações armazenadas na memória (o córtex pré-frontal), o que tem conexão direta com a elaboração e a expressão de ideias. Está provado também que o ato de escrever desencadeia ligações entre os neurônios naquela parte do cérebro que faz o reconhecimento visual das palavras, contribuindo assim para a fluidez na leitura. Com a digitação, essa área fica inativa. "Pelas habilidades que requer, o exercício da escrita manual é mais sofisticado, por isso põe o cérebro para trabalhar com mais vigor", explica a neurocientista Elvira Souza Lima, especialista em desenvolvimento humano. Isso só vem reforçar a complexidade do problema sobre o qual as escolas estão hoje debruçadas. 


                Na Antiguidade, os egípcios tinham nas letras um objeto sagrado, inventado pelos deuses. Sinônimo de status, a caligrafia irretocável foi por séculos na China um pré-requisito para ingressar na prestigiada carreira pública. No Brasil, a caligrafia constava entre as habilidades avaliadas nos exames de admissão do antigo ginásio até a década de 70, e era ensinada com esmero na sala de aula. O hábito da escrita vem caindo em desuso à medida que o computador - cujo primeiro chip foi traçado pelo americano Gordon Moore de posse de um velho lápis - se dissemina. Até aqui, foi a palavra eternizada em papel (ou pedra, pergaminho, papiro) que se encarregou de registrar a história da humanidade, não raro em garranchos deixados por seus protagonistas (veja ao lado). O computador traz uma nova dimensão à aquisição de conhecimento e à interação entre as gerações que chegam aos bancos escolares. Para elas, escrever a mão corre o risco de se tornar apenas mais um registro do passado guardado em arquivo digital.

sábado, 20 de agosto de 2011

ATIVIDADES CIENTÍFICO-CULTURAIS DO CURSO DE LETRAS E PEDAGOGIA - 1º Semestre 2011


Em matéria publicada na revista Pátio, Marilene Guimarães propõem uma discussão um tanto quanto polêmica acerca das questões étnico-raciais na educação. Leia os fragmentos abaixo e registre seu comentário sobre o que diz a autora. Aproveite a oportunidade para debater com seus colegas, afinal o blog existe para a democratização das opiniões. Comente livremente, quantas vezes quiser, promova um debate com seus colegas!!


O ENSINO DA HISTÓRIA E DA CULTURA 
AFRICANA E AFRO-BRASILEIRA NAS ESCOLAS


          Nossos currículos são todos brancos, da História Geral à Geometria. Com uma mudança na LDB, que se apresenta democrática, nada mais democrático do que inserir o negro em sua própria História.

       A obrigatoriedade do ensino da História e da Cultura Africana e Afro-brasileira nos currículos das escolas públicas e particulares, conforme a Lei n 10.639/2003, gerou certa polêmica e alguma indignação. Confesso que, até pouco tempo, eu também compactuava com esse sentimento, tendo como base principal argumentos sobre  a exclusão de outras culturas que igualmente fizeram do Brasil um país rico em diversidade.

            A maneira como a lei foi apresentada causou certo desconforto. Remete a um autoritarismo que buscamos afastar de nossas salas de aula, principalmente por alterar a Lei de Diretrizes e Bases (LDB), de 1996, que apregoa maior liberdade às escolas e aos currículos mais flexíveis. Os mais exaltados proclamam ainda ser desnecessária a medida, visto que a LDB traz em seu “conteúdo que o ensino da História do Brasil levará em conta as contribuições das diferentes culturas e etnias para a formação do povo brasileiro, especialmente das matizes indígenas, africana e européia”.

            Obviamente, a educação de um país não se consolida através de leis como esta, mas sim do trabalho incessante e consciente de seus principais autores (professores e alunos); tampouco o currículo escolar deve ser um repositório de decisões políticas, dificultando seu verdadeiro sentido pedagógico. Porém, há questões relevantes quanto à discussão sobre o ensino da cultura africana e afrodescendente que vão de encontro às condições de vida e sobrevivência do povo de um país,  considerando a segunda nação com maioria da população negra do mundo. E isso acaba por implicar também decisões políticas que viabilizem a transformação de muitos paradigmas da nossa sociedade.


O PRECONCEITO TRAZIDO PELOS PORTUGUESES NOS NAVIOS NEGREIROS PERMANECEU QUASE INTACTO, COM ALGUMAS (POUCAS) VARIAÇÕES, AO LONGO DE NOSSA HISTÓRIA.

ATIVIDADES CIENTÍFICO-CULTURAIS DOS CURSOS DE LETRAS E PEDAGOGIA - 2º SEMESTRE DE 2010


RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS NA ESCOLA

LEIA OS TEXTOS ABAIXO E DISCUTA COM SEUS COLEGAS SOBRE A ORIENTAÇÃO DO CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO SOBRE AS DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA INCLUSÃO DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS NA SALA DE AULA.
Parecer CNE/CP nº 03/04 e Resolução CNE/CP nº 01/04 institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-brasileira e africana.
BRASIL - MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO - CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO
"Convivem, no Brasil, de maneira tensa, a cultura e o padrão estético negro e africano e um padrão estético e cultural branco europeu. Porém, a presença da cultura negra e o fato de 45% da população brasileira ser composta de negros (de acordo com o censo do IBGE) não têm sido suficientes para eliminar ideologias, desigualdades e estereótipos racistas. Ainda persiste em nosso país um imaginário étnico-racial que privilegia a brancura e valoriza principalmente as raízes europeias da sua cultura, ignorando ou pouco valorizando as outras, que são a indígena, a africana, a asiática.
Assim sendo, a educação das relações étnico-raciais impõe aprendizagens entre brancos e negros, trocas de conhecimentos, quebra de desconfianças, projeto conjunto para construção de uma sociedade justa, igual, equânime."
O TRABALHO NEGRO, FAZENDO ARTE E CONSTRUINDO O BRASIL
O branco inventou que o negro
Quando não suja na entrada,
Vai sujar na saída, ê
Imagina só
Vai sujar na saída, ê
Que mentira danada, ê
Na verdade a mão escrava
Passava a vida limpando
O que o branco sujava, ê
Imagina só
O que o branco sujava, ê
Imagina só
O que o negro penava, ê
Mesmo depois de abolida a escravidão
Negra é a mão
De quem faz a limpeza
Lavando a roupa encardida, esfregando o chão
Negra é a mão
É a mão da pureza
Negra é a vida consumida ao pé do fogão
Negra é a mão
Nos preparando a mesa
Limpando as manchas do mundo com água e sabão
Negra á a mão de imaculada nobreza
Na verdade a mão escrava
Passava a vida limpando
O que o branco sujava, ê
Imagina só
Eta branco sujão.
(Gilberto Gil - A mão da limpeza - 1984)

ATIVIDADES CIENTÍFICO-CULTURAIS DO CURSO DE LETRAS 1º SEMESTRE - 2010

A atividade a seguir destina-se aos alunos de Letras da Faculdade Unida de Suzano - Unisuz - embora seja um espaço público de discussão e criação.
Leia as diferentes versões do poema Canção do Exílio, originalmente escrito pelo poeta Gonçalves Dias, coloque um comentário sobre a temática dos textos e, em seguida, proponha sua versão para o poema com base no Brasil de hoje...bom trabalho!!


CANÇÃO DO EXÍLIO

Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar –sozinho, à noite–
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que disfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

De Primeiros cantos (1847)
Gonçalves Dias




CANTO DE REGRESSO À PÁTRIA

Minha terra tem palmares
Onde gorjeia o mar
Os passarinhos daqui
Não cantam como os de lá
Minha terra tem mais rosas
E quase tem mais amores
Minha terra tem mais ouro
Minha terra tem mais terra
Ouro terra amor e rosas
Eu quero tudo de lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte pra São Paulo
Sem que eu veja a rua 15
E o progresso de São Paulo

Oswald de Andrade



CANÇÃO DO EXÍLIO ÀS AVESSAS

Minha Dinda tem cascatas
Onde canta o curió
Não permita Deus que eu tenha
De voltar pra Maceió.
Minha Dinda tem coqueiros
Da ilha de Marajó
As aves, aqui, gorjeiam
não fazem cocoricó.
O meu céu tem mais estrelas
Minha várzea tem mais cores.
Este bosque reduzido
Deve ter custado horrores.
E depois de tanta planta,
Orquídea, fruta e cipó
Não permita Deus que eu tenha
De voltar pra Maceió.
Minha Dinda tem piscina,
Heliporto e tem jardim
Feito pelas Brasil’s Garden
Não foram pagos por mim.
Em cismar sozinho à noite
Sem gravata e paletó
Olho aquelas cachoeiras
Onde canta o curió.
No meio daquelas plantas
Eu jamais me sinto só.
Não permita Deus que eu tenha
de voltar pra Maceió.
Pois no meu jardim tem lago
Onde canta o curió
E as aves que lá gorjeiam
São tão pobres que dão dó.
Minha Dinda tem primores
de floresta tropical
Tudo ali foi transplantado
Nem parece natural
Olho a jabuticabeira
Dos tempos da minha avó.
não permita Deus que eu tenha
de voltar pra Maceió.
Até os lagos das carpas
São de água mineral.
Da janela do meu quarto
Redescubro o Pantanal
Também adoro as palmeiras
Onde canta o curió
Não permita Deus que eu tenha
De voltar pra Maceió.
Finalmente, aqui na Dinda,
Sou tratado a pão-de-ló
Só faltava envolver tudo
Numa nuvem de ouro em pó.
E depois de ser cuidado
Pelo PC com xodó,
não permita Deus que eu tenha
de voltar pra Maceió.

JÔ SOARES

AGORA É A SUA VEZ!! ESCREVA SUA VERSÃO PARA A CANÇÃO DO EXÍLIO!!

ATIVIDADES COMPLEMENTARES DO CURSO DE PEDAGOGIA - 1º SEMESTRE - 2010


Um novo ano letivo se iniciou e nosso espaço virtual para discussões sobre Educação se abre novamente com o tema "EDUCAR EM UM MUNDO QUE SE TRANSFORMA". Leia e discuta com seus colegas essa temática. Bom retorno!
"Ano novo, vida nova, novos desafios. A cada ano letivo que começa, os professores são testados por uma realidade que não estava presente no semestre anterior, muito menos no conteúdo estudado durante a sua formação. O mundo transforma-se, a informação chega-nos de forma cada vez mais veloz, sem que tenhamos tempo de analisá-la e absorver os novos conhecimentos disponíveis. Quem trabalha com crianças e jovens que o diga!
O novo mundo que invade a escola e que dela exige posicionamentos, decisões e atitudes é um emaranhado de novas tecnologias, novas configurações familiares e sociais, novas teorias educacionais, velhas teorias com novas roupagens. Por sua vez, o professor sente-se inseguro e sobrecarregado diante das tantas cobranças e exigências. No Brasil, em especial, vivemos um momento de grandes transformações, com a introdução de mais um ano no ensino funamental, a volta do ensino de filosofia na escola e mudanças na legislação que regulamenta a formação de professores, apenas para citar algumas. Como isso afetará o dia a dia da escola? como lidar com essas novas realidades? " (Revista Pátio)