quarta-feira, 22 de outubro de 2014

ATIVIDADE CIENTÍFICO-CULTURAL DOS CURSOS DE LETRAS E PEDAGOGIA - 2º SEM. 2014

Mais um semestre letivo e nos encontramos novamente para fazer leituras significativas e debater cientificamente com nossos colegas temas de grande relevância para nossa formação acadêmica. Leia os textos a seguir, clique no link do vídeo para obter mais dados e depois compartilhe seu ponto de vista sobre o tema. 

EDUCAÇÃO E COOPERAÇÃO

A relação entre a cooperação e a educação dá-se na prática social, no relacionamento humano, em toda vivência e troca de experiências. Todas as pessoas devem se relacionar, unificando o ato de educar com as relações entre indivíduos de uma mesma sociedade. A co-participação na educação é de responsabilidade de todos os membros da sociedade, uma vez que somos co-atuantes e receptores a todo o momento da transformação social e de consciência universal.

Ninguém escapa da educação.

Em casa, na rua, na igreja ou na escola, de um modo ou de muitos, todos nós envolvemos pedaços da vida com ela: para aprender, para ensinar, para aprender-e-ensinar. Para saber, para fazer, par ser ou para conviver, todos os dias misturamos a vida com a educação. (...) Não há uma forma única nem um único modelo de educação: a escola não é o único lugar em que ela acontece e talvez nem seja o melhor; o ensino escolar não é a única prática, e o professor profissional não é seu único praticante. (FRANTZ, 2001, P. 250)

O ser humano educa e é educado na medida em que convive em sociedade. E através dela, a educação, que o homem constrói o sentido de sua vida. É uma prática de interinfluências, na medida em que se convive e aprende-se em sociedade, mesmo que indiretamente, de uma maneira informal um indivíduo ajuda na formação de consciência de outro indivíduo. Por isso é uma prática a qual ocorre a influencia das pessoas entre si, pois a agregação de valor e o conhecimento se ocasionam com a troca de experiências e informações quando se tomam posições diante da sociedade com nossas crenças e afirmações.

As tendências pedagógicas pós-modernas reconhecem o impacto das novas tecnologias, da multiplicação e globalização da informação, porém não prestou atenção na formação do cidadão que se almejou. Diz-se que há uma crise na formação moral, nos valores e na formação das consciências.

O termo pós-moderno será empregado para designar essas transformações ocorridas nos últimos tempos, nas dimensões sócio-econômicas e políticas.

A queixa e o descontentamento com relação aos objetivos ilustres da modernidade que em muito não foram alcançados repercutiram na desilusão da educação como formadora para mão de obra que veicularia de forma mais garantida a ascensão social. Com isso, originaram-se muitas críticas a educação ofertada nas escolas, principalmente quando se observa as tendências de futuro para as sociedades pós-modernas.

Pierre Lévy (1999, p. 29), afirma que: "A educação como ação social ou como prática social “aparece como uma ação entre sujeitos ou como uma “prática sobre outros”, procurando influenciá-los em suas idéias e seus valores, em seus modos de pensar, de interpretar a vida social, especialmente a da realidade cooperativa, sugerindo ou levando-os a comportamento e visões de mundo favoráveis à natureza da prática cooperativa. (...) Para além das diferentes funções que as práticas de educação possam assumir na organização e funcionamento de uma cooperativa, colocam-se a esta o desafio da produção do conhecimento, ou, de acordo com a expressão de Pierre Lévy, da inteligência coletiva. (apud FRANTZ, 2001, p. 260)

Assim nosso conhecimento é uma construção coletiva, apoiando-se na escola como um local privilegiado para essa construção. Hoje a escola tem uma proposta muito mais evoluída quanto à valorização do ser humano, considerando a participação do educando na construção do seu saber junto aos demais, porém o que se observa como dificuldade é a operacionalização ou a prática destes fundamentos.

A prática escolar ainda e cada vez mais está distante da teoria e é nesse ponto que é necessária uma urgente mudança. Vincular a educação que é um processo, ainda, plurifacetado, com práticas de cooperação é uma alternativa emergente para formação de novas consciências coletivas, firmadas em valores de solidariedade com o fito de preparar educandos fortalecidos e unidos ao enfrentamento das adversidades futuras. É por isso que se segue neste próximo capítulo o estudo que liga e demonstra a colaboração que as práticas de cooperação têm a contribuir para a educação.
Vânia Meneghini


O tigre, o menino e o trânsito


Como um acidente pode explicar o comportamento humano

O Brasil ficou chocado nos últimos dias de julho quando um garoto de 11 anos teve o braço direito dilacerado por um tigre. O "acidente" ocorreu em um zoológico de Cascavel, PR, quando o garoto, acompanhado do pai, pulou uma cerca de proteção, ignorou os avisos de manter-se afastado e provocou primeiro um leão e depois o tigre. O desfecho todo mundo viu: teve o braço amputado na altura do ombro e terá a vida inteira para refletir sobre esse ato "corajoso". Esse acidente é exemplar, em todos os sentidos.

Quem acompanha minhas colunas sabe que há décadas eu insisto no declínio na qualidade do ser humano em sociedade. Especialmente no Brasil, país que parece caminhar ladeira abaixo no campo das relações humanas.

Felizmente alguém filmou e mostrou uma imagem que retrata o que vem acontecendo em uma sociedade desacostumada a respeitar uma autoridade. O garoto ficou por cerca de seis minutos atiçando dois felinos de grande porte, conhecidos por qualquer ser vivente como predadores. Até as pedras sabem que esses animais se alimentam de outros animais desde que o mundo é mundo.

Imediatamente após a divulgação das imagens começaram os julgamentos, principalmente os do "contra" e "a favor", seja do tigre, do garoto, do pai, do zoológico, de Deus etc. No atual modus operandi social de palpitar sobre tudo houve a esperada distribuição de culpa para todos os envolvidos, alguns até tentando amenizar o lado do garoto sob a alegação de que era "incapaz" de avaliar os riscos. Será? Com 11 anos você não sabe a diferença de um gato para um tigre?

Deixando um pouco o tigre de lado, vamos lembrar um pouco das histórias da Bíblia. Sem a menor conotação católico-cristã, mas apenas como exemplo. Muita gente atribui o pecado original ao sexo, fazendo uma analogia direta da mordida na maçã com rala e rola entre Adão e Eva. Mas Deus não poderia castigar pelo sexo, senão inviabilizaria a reprodução humana e jogaria por terra o famoso "crescei e multiplicai". 

O pecado original que condenou Eva e seu amasio ao mundo terreno foi a DESOBEDIÊNCIA. Deus deixou bem claro: não coma a fruta dessa árvore! E quando virou as costas lá foi ela e nhoc! Não tinha uma placa na macieira do tipo "fique longe, não coma". Por trás da desobediência está o conceito que quero chegar: o desrespeito!

Voltando ao zoológico, qual o padrão de comportamento dos visitantes: enfiar o braço na jaula ou manter-se afastado? Se uma criança violou o padrão é preciso olhar para esse caso isolado e tentar entender melhor de onde vem o comportamento tão prepotente.

Hoje em dia existe uma enorme confusão aqui em terras brasileiras com relação à educação. Também já escrevi sobre isso. E é um tal de pais entregarem seus filhos às escolas na crença cega de que o pimpolho sairá de lá um lorde inglês e com conhecimento de filósofo alemão. Mas em casa o filho faz o que quer, passa o dia no videogame, desobedece os pais e eventualmente despreza a autoridade dos empregados.

Educação é aquele conjunto de regras transmitidos de pais para filhos como uma carga genética. O que a escola transmite é conhecimento. Portanto, escola não educa, quem educa é o convívio familiar. Já defendi mais de um milhão de vezes a mudança do nome de ministério da Educação para ministério do Ensino.

Pergunto, que tipo de pai pode gerar um filho tão incapaz de entender a regra mais elementar, bíblica e basilar da educação que é a obediência? Que tipo de exemplo esse garoto tem em casa para ignorar tão descaradamente os perigos que envolvem o enfrentamento de um animal feroz? Uma criança que atiça descaradamente um animal selvagem como o tigre respeita seus professores? Obedece seus pais?

É o reflexo da falta de cuidado na educação, não da escola, mas aquela da formação do caráter. Quem enfrenta um tigre não é corajoso - como escreveram alguns - ou simplesmente desobediente?

Chamou-me a atenção o comentário de vários jornalistas que reforçaram o fato de no momento do acidente não ter nenhum vigia, embora o zoológico tenha se defendido alegando que a área é monitorada por quatro fiscais.

Ora, jornalistas são pessoas esclarecidas, viajam e normalmente voltam do exterior sempre com uma história de civilidade na ponta da língua. Ficam impressionados que nos museus americanos o visitante deposita o valor em uma caixa que fica ali, ao alcance de qualquer um, mas ninguém pega. Contam - impressionados - que na Áustria as padarias deixam o leite fora e as pessoas pegam e depositam as moedas em um pote, sem ninguém vigiando.

Mas cobram o fato de naquele local do zoo não haver um vigilante. É ISTO que quero chamar a atenção: educação não é um comportamento expresso diante de fiscalização, o nome disso é obediência. Educação é o comportamento do indivíduo quando não tem NINGUÉM olhando!

Por isso a Prefeitura de SP instalou mais uma centena de radares e câmeras de vigilância, porque o motorista só consegue se manter educado sob constante fiscalização. Porque não foi educado. Os motoristas/motociclistas mal e porcamente foram instruídos, quando foram... E os ciclistas nem isso!

Pela visão do jornalismo sensacionalista podemos perder a esperança em trânsito solidário sem que haja uma fiscalização opressiva e constante, como no zoológico. Não basta uma placa de proibido estacionar, precisa ter um fiscal. Não basta investir em passarela ou ciclovia, tem de fiscalizar. Não basta avisar que o leão é bravo, precisa colocar o braço lá dentro!


VÍDEO